quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Torresmo de soja? NÃO!

"- Ô, Seu Manoel! Manda mais um torresminho aqui pra mim, faz favor...
- Torresmo agora só de soja!
- Hein??
- É isso mesmo! A partir de agora este boteco é um estabelecimento consciente, que milita pelo direito à vida de todos os animaizinhos do planeta. Aqui não se serve nada que venha da morte! E além do mais, as florestas da Amazônia...
- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!"

Ok, ok. Meio surreal o dialogo acima. Não se preocupem, aqui Em pé no Balcão sempre haverá um bom torresminho, crocante, peludo e gordurento, pra acompanahar aquela cerveja trincando de gelada.

Na verdade, o que mais me assusta na bizarrice deste diálogo é que cada vez mais ele vem se tornando menos impossível de acontecer. É que nos últimos anos vem ganhando força uma nova moda, o veganismo/vegetarianismo. Bom, existem termos diferentes com significados bem distintos também. O Vegerariano pode ser Ovo-Lacto, ou seja, o cara que não come carne mas come ovos e derivados do leite numa boa. Esse cara em geral é um cara normal, que não tem nenhum problema. Apenas não come carne, seja porque não gosta, seja porque crê que não comer é mais saudável (o que eu, e muitos nutricionistas discordamos). Mas o ponto principal é que o Ovo-Lacto é um cara que come o que quer e ponto final, não um militante da fé vegana, que tenta a todo custo converter os "pecadores comedores de carniça" em vegetarianos. Cada um na sua, e o cara tem todo o direito em recusar o torresminho e descer um ovo colorido pra acompanhar aquela Brahma.

Agora existe uma outra "facção" de vegetarianos que é perigosa e problemática. São os "Veganos". Esses caras não comem nada, absolutamente nada que contenha qualquer ínfimo traço de POA - Produtos de Origem Animal. Os caras chegam ao absurdo de não comer Dadinho (não o do filme, porra! A balinha quadradinha que é uma delicia e lembra a nossa infância...) porque as formas onde os dadinhos são cozidos é untada com farinha de trigo e... MANTEIGA! E a manteiga vem do leite, que por sua vez vem da vaca, que é um animal. Além de não comer nada que tenha POA, os veganos também fazem de sua vida uma cruzada pela ética e salvação dos animaizinhos. Chamam qualquer onívoro de "carniceiro" e buscam a qualquer custo converter as pessoas ao veganismo. Alguns grupos radicais chegam mesmo a praticar atos terroristas, com direito a bombas e tudo mais...

O discurso dos caras é sustentado, basicamente, por dois grandes pilares, ambos mais do que questionáveis. O primeiro deles é um princípio segundo o qual o animal é um ser vivente (ok, concordo) e nós não temos o direito de tirar a sua vida tão-somente para satisfazermos a crueldade sangüinária do nosso paladar. E é aí que começo a discordar e questionar com veemência essa argumentação. Primeiro de tudo, existe uma coisa chamada Natureza. Eu, você, o seu gatinho, os ratos do porão (não a banda, imbecil! Ah, mas eles também, então esquece...), todos fazemos parte da Natureza. Na natureza existe algo chamado "Cadeia Alimentar".

Existem animais carnívoros, herbívoros e onívoros. Os dois primeiros eu dispenso a explicação, os últimos, pra quem não lembra das aulas da tia Maricota, são aqueles que comem tanto vegetais como carne. O ser humano é um onívoro. Voltando à cadeia alimentar, os herbívoros comem plantinhas fofas, os carnívoros comem os herbívoros fofos e os onívoros comem o que der sopa pela frente. A cadeia alimentar é feita da caça, da morte e de sangue (ui, que cruel!). Então, o que há de imoral em matar um animal pra comer? Nada. Absolutamente nada. A racionalidade do homem e sua inteligência avançada em relação aos outros animais permitiu que ele desenvolvesse feramentas para a caça e a defesa pessoal, passando assim a ocupar o topo da cadeia alimentar. O Homem mata qualquer bichino que ele quiser, e nenhum bichinho mata o homem. Er... Depende. Deixe um vegetariano desarmado numa savana Africana e manda ele trocar uma idéia com o Leão, dizendo que todos os animais têm direito à vida...

Além disso, o que é mais furado nesse argumento à vida é o seguinte: todo animal, quando solto na natureza, esta vulnerável não só aos seus predadores, mas também à escassez de alimentos, a um número infinito de doenças e parasitas, além da falta de abrigo. Trocando em miúdos, um bichinho fofinho e livre na natureza tem uma vida dos diabos, e ainda morre destroçado vivo na boca de um predador.

E o boi, como é a vida do boi? Ele tem abrigo, comida e vacinas durante toda a sua vida, e depois ainda morre com um tiro de pistola pneumática na testa, de forma completamente indolor. Na boa, quem será que sofre mais? Tudo bem, alguns determinados alimentos de origem animal utilizam-se de métodos cruéis. É o caso do "foi gras" que os franceses tanto gostam. É fígado de ganso, mas pra ficar cremosinho e saboroso, os caras entubam o pobre do ganso e enfiam tanta comida nele que o seu fígado inflama e triplica de tamanho. Isso é cruel, isso eu não aprovo. Morei um ano na França e nunca comi "foi gras". Tá certo que além de cruel, é caro pra burro, o que ajuda a ser "politicamente correto" ;-)

O segundo grande pilar que sustenta o discurso dos veganos é o de que POA são nocivos à saúde. Há-há-há! Conta outra, mané. Vários estudiosos da evolução afirmam categoricamente que foi o aumento do consumo de carne que permitiu ao homem desenvovler seu cérebro nas proporções atuais. E mais! Veganos têm que suplementar artificialmente vitamina B12. Que porra de dieta ultra saudável é essa, que te obriga a tomar injeção de algo sintético? Já cansei de ler/ouvir veganos afirmando que a carne causa câncer. Dá um tempo! Até hoje não houve estudos comprovando 100% a origem do câncer, mas ainda assim, sabe-se que há forte influência genética... E os veganos me vêm falar de carne?! O que pega é que qualquer coisa, QUALQUER COISA exagerada pode ser nociva à saúde. Seja picanha ou proteína de soja, se você não tiver uma dieta balanceada, terá problemas no futuro com toda a certeza. Um bifão de picanha, uma porçãozinha de arroz, um feijaozinho preto com farofa e uma saladinha... Hmmm! Delicia, saudável, onívoro, e natural...

É isso, basicamente. Esse post pode dar pano pra manga, se alguém quiser discutir mais a fundo o tema, estamos aí! Podem passar também pela comunidade do orkut "Alfaces são amigas, não comida", onde sempre rolam discussões de alto nível. Tem muito veterinário e biólogo por lá, então não é na base do "achismo" que o povo argumenta.

"- Ô Seu Manuel! Seu Manuel! Vê aí pra mim um PF com picanha, faz favor
- Qual o ponto da picanha, Moura
- Mal passada! E desce mais uma Brahma também..."

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Culturette

Hoje em dia existe uma determinada tribo que vem se destacando nos grandes centros urbanos, sobretdo na cidade de São Paulo. São os chamados "Culturettes", nome e grafia especialmente criados por mim para definir este tão seleto grupo. Um Culturette é um cara descolado, que facilmente pode estar misturado entre pessoas normais e interessantes. Em geral, pode demorar um pouco até percebermos e identificarmos um Culturette.

São seres cabeça, que usam óculos de armação estilosa, roupas com cara de velha - mas que são novas, de grife e bem passadinhas pela empregada - e freqüentam lugares ditos alternativos.

Você provavelmente não verá um Culturette tomando um pingado e comendo um salgado qualquer naquele boteco meio sujo que tem em frente ao ponto de ônibus. O Culturette freqüenta bares que são sujos como o boteco do ponto de ônibus, mas que se dizem- "estilizados" , têm serviço de manobrista e vendem cerveja pelo triplo do preço.

O Culturette não é um gênio, o máximo que conseguimos encontrar são exemplares com uma inteligência medianamente razoável. No entanto, ele tem plena convicção de sua genialidade absoluta (mesmo que ela não exista), e não estuda nada tão-somente para si. Ele é praticamente um garoto propaganda dos cursos/matérias cabeça que ele faz, como Filosofia do sei-lá-eu-o-quê, história da arte, sociologia experimental III a missão, a dialética da poesia húngara no séc XVIII, etc. O Culturette também estuda três, até quatro idiomas. Não fala nenhum deles, não lê nada em nenhum deles, mas tem um vocabulário básico de cem ou duzentas palavras que serve pra impressionar, e botar banca de... Culturette!

Além disso, um Culturette, mesmo que goste de história da arte, por exemplo, não estuda o assunto para depois discutir ou debater com quem também estuda e gosta, até porque provavelmente ele não conseguiria fazer isso. O Culturette estuda essas coisas cabeça justamente pra conversar com quem não estuda e não gosta disso tudo! Assim o Culturette pode se sentir superior e também pagar de... Culturette!

O Culturette morre de medo de ser confundido com uma pessoa normal. Por isso, ele tende a negar toda e qualquer diversão ou assunto que pareça mundano demais, que não seja seleto e intelectualizado o suficiente. Ele curte MPB, gosta de uma cervejinha, até de uma cachaça. Mas nega-se a falar merda em uma mesa de bar. Para um Culturette, tudo tem sempre que estar "acrescentando algo" ao seu intelecto, inclusive uma conversa de bêbados na mesa de um boteco-chique-sujo. Portanto, ele vai ficar bêbado e discutir o sexo dos anjos, e não coisas mais interessantes e engraçadas como "casos de pessoas que dão entrada em PS de hospitais com objetos estranhíssimos introduzidos no ânus" (leia mais aqui).

Por isso é bem difícil identificar um Culturette logo de cara. Num primeiro momento, você pode pensar que se trata de mais um cara gente boa, que curte uma boa música, toma uma cachacinha... Há casos na literatura de pessoas que chegaram a namorar seres Culturette sem perceberem! Quando identificaram o perfil do indivíduo, já estavam com alguns meses de namoro... Já pensou?

Mas eu acredito que o lance principal do Culturette é essa preocupação com a imagem. Ele quer ser um cara descolado, alternativo e intelectual. Ele QUER SER, mesmo que não seja. Não é um cara que curte uma boa MPB, ouve um Chico Buarque no rádio do carro indo pra balada, mas senta numa mesa de boteco sujo e fala merda com os amigos.

É uma pena! Até porque, o cérebro precisa de momentos de "massagem cerebral". É importante falar asneira, e dar um tempo pra cabeça, já que vivemos num mundo em que tudo é informação de tudo que é lado.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

As mulheres que não tiram o caralho da boca

Calma, calma! Não se trata de um post machista, nem tampouco vulgar. É apenas uma divagação sobre um recurso de linguagem que muito me atrai: o palavrão. Primeiro, eu acho super engraçado essa coisa de que palavras diferentes que significam exatamente a mesma coisa tenham valores sociais completamente distintos. Ninguém vai ao médico e queixa-se de algum problema na buceta, ou ainda uma coceira no caralho. Nessa situação utilizamos a forma polida dos respectivos órgãos, ou seja, vagina e pênis.

Mas o ponto nem é esse. O que quero colocar é a importância que palavrões e expressões ditas "chulas" têm no nosso cotidiano. Tem algo mais preciso e avassalador que um "pra caralho"? Não há equivalente pra essa expressão. "Você bebeu ontem?" "Porra! Bebi pra caralho!" isso não se iguala a um "bebi horrores" ou então "bebi até cair". Nada tem o peso, a simplicidade, a força e a sonoridade de um "pra caralho".

Aliás, ainda falando em caralho, esse é um coringa muito útil da fala informal. Pode ser utilizado para dar ênfase a alguma ação, como disse no parágrafo anterior, pode expressar uma quantidade desconhecida mas que tende ao infinito: "o céu tem estrelas pra caralho!" e pode também significar supresa/indignação. "Cara, sabe o Bosco? Então, ele mudou de sexo!" "O Bosco? Mudou de sexo? Caralho!!"

Pois é, acho que é evidente que os palavrões são uma ferramenta indispensável para a boa comunicação humana. No entanto, ainda existem pessoas na nossa sociedade que defendem uma idéia completamente absurda e machista de que mulheres não podem falar palavrão! E há ainda quem defenda que os palavrões devem ser abolidos também do vocabulário masculino quando há algum ouvido feminino por perto... Caralho! Como assim? Isso é de uma estupidez sem limites! Querem privar a mulher de soltar o seu "Puta que o pariu!" a plenos pulmões quando quebra uma unha, ou mesmo lançar um chocho "Caralho..." de canto de boca quando vê a amiga baranga se atracando com o ex-namorado. Isso é inaceitável! É muita crueldade!

Tão inaceitável é para mim, que além de eu nunca conseguir assimilar a idéia de que é feio mulher que fala palavrão, eu ainda acabo tendo uma certa queda por mulheres que rompem amarras, quebram paradigmas, e não perdem a oportunidade de colocar um "Caralho!" bem colocado num diálogo de bar. Pra mim, a mulher com o caralho na boca é um charme todo especial.

Isso me lembrou de um "causo" antigo. Há alguns anos eu conheci uma menina com quem saí algumas vezes. Lembro nitidamente quando descobri que estava bem interessado (ou melhor, interessado pra caralho!) nela. Tínhamos marcado de sair, rolou um certo desencontro, eu demorei um pouco pra chegar. Quando apareci no lugar combinado, vi ela falando em um telefône público. Quando me viu, ela desligou rapidamente e abriu um belo sorriso (um sorriso bonito pra caralho!). Nos cumprimentamos, e ela explicou que estava tentando me ligar e caiu na caixa postal. Ela não tinha créditos no celular, e o seu cartão telefônico estava bem no fim. Passado esse breve contratempo, tudo rolou muito bem, e nosso passeio foi bem ducaralho.

No dia seguinte veio a surpresa avassaladora de corações bêbados e ressaqueados. Vi que tinha uma mensagem de voz no meu celular. Acessei a caixa postal e ouvi "Oi, Gabriel! Sou eu, é... Eu tô sem crédito e só tenho um cartão... Ai CARALHO!" Tchubluft. Caiu a ligação. Quando ela percebeu que seus créditos estavam sendo impiedosamente comidos pelo orelhão, soltou um mais do que bem posicionado e sonoro "Ai, CARALHO!" que pode ser perfeitamente registrado em minha caixa de mensagens, antes que o cartão dela zerasse e a linha fosse cortada.

Passei uns 4 meses sem deletar esse recado do meu celular, e o ouvia quase que semanalmente...

Começando

Esse lance de blog é meio complicado. Eu já tive alguns por algum tempo, mas no final acabo me enchendo dele e largando às moscas ou simplesmente deletando. Bom, não serei pessimista a ponto de dizer logo no post inicial que este aqui terá o mesmo fim dos outros. Acho que não. A idéia é ter um espaço pra poder escrever minhas asneiras e minhas pseudo-filosofias pessoais. Não sei qual será a freqüência e atualização disso aqui. Até porque, penso que escrever deva ser uma coisa espontânea...

É isso!