sexta-feira, 22 de maio de 2009

Andando na corda bamba

Caio na noite sem pudor e sem temor. A escuridão é breve e a busca é constante. Preciso saciar esta sede que atormenta minha alma. Covardia, sonho ou ideologia. Fraqueza ou franqueza. Já não sei dizer o que se passa comigo nestas noites de delírio na maior cidade da América Latina. A santidade de São Paulo é cruel e implacável. Entre uma bebida e outra realizo o sonho dos hipócritas e das putas. Pernas, rabos e néon. Sou isca fácil neste joguete de sedução. Rendo-me a ferocidade das minhas entranhas. Bebo mais uma dose. Wiskey. Conhaque. Maria-mole. Cachaça. Ah, a velha e boa cachaça! Cerveja não desce mais. Os meus olhos estão vidrados. Vejo velhos sujos e bêbados. Sem família e sem amor. Perdidos na solidão do desejo que já se esvaiu. Já não sei mais se é um sonho. Durmo e acordo no mesmo dia todos os dias. Penso na minha carreira. Quantas carreiras em vão. Apaixono-me por algumas horas e me escondo novamente em posição fetal debaixo de algum cobertor. Tudo isso aconteceu realmente? Parece um filme... Déjà vu. É isso. Déjà vu. Eu sou o caos. Já não tenho medo. Já não sinto culpa. O personagem se virou contra o criador. Sinto prazer em não sentir nada. Corro pelado no meio da rua. O vento corta a minha pele e faz com que eu me sinta vivo novamente. Mais um hotel barato, mais um bordel, mais um papel. Andando na corda bamba com os olhos escondidos atrás de dois olhos negros de um menino.

2 comentários:

  1. Cacete, mestre! Que texto ducaralho! Mandou mto bem!

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  2. Do caralho!!! Só faltou a camisa rasgada e o pano de chão em volta do pescoço! huahuahuaha

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