quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Boteco São Bento - O pior bar do Sistema Solar

Encontrei esse texto no blog do Cardoso, e resolvi aderir à ideia. Não sei se o texto original é dele, mas fica impossível confirmar com tantos blogs o reproduzindo; de toda forma, acho que quem criou queria iniciar uma espécie de marketing viral, então creio que o Sindicato dos Blogueiros não vai me processar — apenas os advogados de merda, já fartamente conhecidos.


O blog Resenha6 escreveu o post abaixo (detalhes ulteriores aqui) sobre o péssimo atendimento de um tal "Boteco São Bento". O resultado foi o dono do bar aparecer nos comentários atacando no melhor estilo baixaria os donos do blog, coisas do nível "Felizmente não precisamos de clientes do seu perfil" pra baixo.

Como essa estratégia não foi bem-recebida pelos leitores, o próximo passo foi soltar uma notificação extra-judicial, basicamente ameaçando de processo o blog, caso não retire em 24 horas o post.

Pois bem; acho que advogados também merecem ganhar seu dinheiro, então sugiro que a advogada do Boteco São Bento tenha bastante trabalho. Minha proposta: TODOS, digo TODOS os blogs devem publicar o MESMO post. Assim ela terá que enviar notificação para TODO MUNDO. Ou fechar a Internet.

Aqui minha contribuição. Aguardo a notificação.



Depois da Faixa de Gaza e do Acre, este é o pior lugar do mundo para você ir com os amigos. Caro, petiscos sem graça e, principalmente, garçons ultra-power-mega chatos: você toma dois dedos do seu chopp, quente e azedo que nem xoxota nos tempos dos vikings, eles já colocam outro na mesa. E se você recusa, eles ainda ficam putos. Só tulipadas diárias no rabo para justificar tamanha simpatia no atendimento.

* Fui no da Vila Madalena. Dizem que o do Itaim é ainda pior.
* Para dicas de botecos que valem a pena, leia outras resenhas aqui.
* Siga o Resenha pelo Twitter antes que eu bote outro link na mesa.


Resenhado por
Raphael Quatrocci

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Filosofia de boteco

Finalmente, eis que dou as caras. O cara do monitor silencioso que chamava a atenção do vizinho no metrô, numa hora que nem japonês está acordado, com zumbis engravatados andado por aí. Lê de novo, faz sentido o que eu escrevi.
Pois bem, cá estou em pé no balcão. E como filosofia de boteco é o melhor tipo de divagação, divido aqui uma epifania que tive há meses, sentado num boteco com copo sujo, com um amigo bêbado me mandando à merda a cada palavra minha.
Minha senhora, meu senhor, eu vos digo: eu descobri o sentido da vida. Não é bem o sentido, propriamente dito, mas eu tenho a prova de que há vida após a morte. Requesito vossa máxima atenção, porque essa (ins)piração vai longe.
Vamos pensar logicamente, e partir do pressuposto que o tempo é infinito. Sim, você já deve ter percebido que eu sou um daqueles bêbados chatos que faz questão de dividir suas teorias malucas na pior hora do dia; aquela em que tá todo mundo bem louco.
Pois bem, o tempo é infinito e ponto final, porque senão a teoria não funciona - e convenhamos, se o tempo não for infinito, o que vem depois do fim do tempo?
Considere a possibilidade de você ganhar na Mega Sena. Calma, eu já chego no sentido da vida. Enfim, pense na chance de você ganhar legitimamente na loteria. A matemática correta eu não sei, mas imagino que seja algo entre 0% e 0,001% de chance. Pois bem, sendo o tempo infinito, não importa quão ínfima seja essa porcentagem, ela sempre se concretizará. Claro, pois qualquer possibilidade minúscula multiplicada pelo infinito resulta sempre em 100%. Isso quer dizer que as chances de você virar milhonário(a) da noite pro dia é de 100%. Ademais, as chances de você ganhar na loteria 27 vezes seguidas - lembre-se que legitimamente - também é de 100%. Por quê? Porque o tempo é infinito.
Sendo o tempo infinito e considerando, ainda, que a vida é a somatória de corpo e algo a mais, as chances de um corpo idêntico ao seu encontrar exatamente o mesmo "algo a mais" seu daqui a infinitos anos é de 100%, o que significa, portanto, que existe vida após a morte. Não no sentido clássico da crença, mas no sentido de que a vida, como o tempo, é infinita. As chances de tudo o que conhecemos acabar é de 100%, assim como as chances de tudo começar de novo é de 100%. As chances do Big Bang se repetir são de 100%. As chances do seu "algo a mais" viver sob qualquer circunstância e ocupar qualquer tipo de corpo, são também de 100%. Assim, todos vivemos sob todas as condições e dentro de todos os corpos de todos os tipos de vida, tanto de maneiras idênticas quanto de modos totalmente diferentes, infinitas vezes, por toda a eternidade.
Assim, sentimos felicidade infinita, tão quanto tristeza infinita, saudades infinitas, loucura infinita, paixão infinita, doença infinita, orgasmos infinitos. Tudo exatamente na mesma quantidade: o infinito. Infinitamente buscando algum sentido pra tudo isso.
Então na próxima vez que você estiver numa mesa de boteco, valorize cada gole de sua cerveja - você beberá dessa garrafa por toda a eternidade. Valorize a barata que morre na sola do seu sapato, ela voltará pra te infernizar e morrerá novamente por sua sola suja, sempre. Mas mesmo que aconteça sempre, valorize! Porque um dia, sem aviso prévio, aquela mesma barata vai se vingar de você, e a mesma cerveja vai estar quente - sempre.
Filosofia de boteco - valorize.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

A janela

Tudo começou com um susto. Um pequeno espanto diante do inesperado. Alguém teria que sacrificar um sorriso para demonstrar a verdade. Não quero mais isto ou aquilo, quero somente aquilo que já se esqueceu de mim. Tempo sem gosto nem cheiro. Tempo que não se escolhe viver. Sol da manhã que nasce com fúria, deixando transparecer a poeira que pousa com simplicidade no simples assoalho de terra. Terra vermelha da cor da paixão. Paixão que sangra toda palavra que constrói ação. Olhos carentes do cão que chora. Que chora de fome na frente daquele que come. Aquele que come, come com fúria. Fúria de homem e não de sol. Homem que já foi à Lua. Lua que agora brilha cheia. Cheia de amargura de não estar mais sozinha. E sozinha, da janela da cozinha, ela vê a Lua. A menina dos olhos da menina que vê a Lua, agora chora. Chora de vontade de voltar para a Lua. Mas ela nem mesmo sabe, que nunca esteve na Lua. Adultos não dizem a verdade. Era apenas força de expressão. Não me interessa mais. Além do que, já tenho o que me faz feliz. Uma janela. Uma pequena janela que me deixa ver a Lua e o Sol. E disso eu tenho certeza. Tenho a certeza que a janela não mente. Pela janela posso ver, escutar, ouvir e falar. Hoje a janela amanheceu um pouco triste. Tristeza esta que se foi com o vento. Vento que às vezes bate a janela na cara. Na cara daquele que quer saber. Que sempre quer saber porquê a janela fecha.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Bem vindo ao jogo

Não viver a vida com todas as suas dores e cores é tolice ou covardia. Cada dia é único e as possibilidades são infinitas. As chances são desiguais? Sim, bastante. Mas você está no mundo, este é o jogo. O quê você vai fazer? Ficar reclamando igual um bebê chorão? Seguir as regras sem se questionar? Eu prefiro inventar as minhas próprias regras! Caminho de forma discreta, efetiva e adequada neste mini-mundo que me obrigaram a viver. Pago as minhas contas com o suor da labuta diária, com a resignação de um predestinado, quase um santo, mas no fundo, faço da vida uma brincadeira. Pois para mim é isso que ela é; um jogo. Alguns acreditam que este jogo é real, se confundem com as máscaras que a sociedade nos faz vestir. Acreditam ser o executivo do ano, o popstar, o doutor, o milionário, o melhor pai, a boa de cama, o religioso... E assim vão sustentando esta estrutura imaginária chamada sociedade. Eu não me iludo com estas máscaras. Tento fazer um bom uso delas no meu dia-a-dia, mas no espelho a minha cara está sempre nua e crua. Me identifico com tudo aquilo que mexe com as minhas vísceras. Esquizofrênia? Falta de personalidade? Talvez... A normalidade me assusta! Quem é você? Não me fale características, eu quero saber apenas quem é você? Você têm uma essência? Ah, você já fez muitos anos de análise e hoje descobriu quem é você. Quanta bobagem... Eu não tenho uma essência, ou sou um ser extremamente complexo e holístico. Eu mudo a cada lua, a cada segundo. Os essencialistas são cartesianos. Separaram a palvra do sentimento, a fé do profano, o céu do inferno. Enfim, todas estas palavras não servirão para nada, pois são apenas palavras... Tenha consciência da morte, viva intensamente, não tenha vergonha, não sinta medo de errar, seja louco, bobo, romântico e sensível. A vida é uma só!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O Primeiro Beijo

Meu coração batia meio apertado no meu peito. Meu corpo estava num estado de transe, no qual eu não conseguia pensar claramente. Muitas coisas vinham a minha mente mas nada se fixava por muito tempo. Ah, o tempo! O tempo parecia agradecer aquele momento, gozava com toda a tranqüilidade, mostrando todo o seu descompasso diante do compasso do meu coração. Na verdade acho que não existia o tempo naquele momento. O tempo sumira, dando lugar a duas crianças ditarem o tempo do mundo.


Eu estava lá, imóvel. Paralisado de medo, angústia, felicidade, excitação, enfim, apaixonado pelo momento. Não sei como me movi naquele momento. Me lembro de ter somente fechado os olhos e me aproximado lentamente dos seus lábios. Era como se meu corpo estivesse sendo atraído magneticamente pelo seu corpo, não havia, ali, nenhuma ação dominante de nenhum de nós dois. Naquele momento éramos apenas dois lábios. Dois lábios ansiosos por descobrir o outro. Dois lábios que se tocavam pela primeira vez, e como numa dança nunca antes executada, eles descobriam passos, inventavam novas maneiras de dançar, usando a língua, dentes, hálito e saliva.


A dança acaba como num encanto. E os lábios que conversavam com línguas diferentes, agora davam lugar aos olhos que se fitavam, como que perguntando o que acontecera. Não houve resposta nem de um, nem de outro. O tempo que sumira, agora já estava presente, enchendo de angústia aqueles segundos que pareciam não se acabar. Tudo que me restou fazer foi correr. Corri para bem longe daqueles olhos, corri para bem longe daquele tempo. Encontrei um cantinho qualquer onde pude me sentar e lembrar o que tinha acontecido. Era tudo muito estranho, muito novo. O gosto dos seus lábios ainda permanecia na minha boca. E eu sentia algo estranho no meu peito, não era mais o mesmo, algo tinha mudado dentro de mim. Me sentia inquieto, algo queimava dentro de mim, não fazia idéia porque estava daquele jeito. A única certeza que tinha é que aquilo era muito bom.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O poema final

Será preciso acordar novamente durante a noite, molhado em suor, com as mãos trêmulas e os ossos doendo. Não vejo mais nenhum sentido nisso tudo, somente fraqueza. Fraqueza que a minha alma insiste em esconder atrás desta máscara, atrás destas palavras.


Ele acordou mais uma vez, pegou o seu trompete, colocou no porta-malas do fusca junto com a garrafa de wisky e seguiu viagem. A última viagem da sua vida. Deixou para trás a família, os seus sonhos, e os sonhos de todos aqueles que depositavam nele as suas fantasias. Eles não teriam mais o palhaço para alegrar as suas festas, o poeta romântico para animar os seus jantares e nem o bebop do seu trompete naquelas noites insanas.


No seu túmulo, todos choravam a perda daquela criatura indomável. Todos puderam possuí-lo por um último instante. No outro dia, restou apenas algumas flores, uma garrafa de bourbon e as palavras que enfeitaram o seu jazido: “Viveu intensamente em busca da vida, mas encontrou na morte o poema final”.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Um novo coro

Faz muito tempo que eu não escuto nada que me faça querer fazer algo diferente. Sinto a música popular brasileira apática. Não sei se espero demais... Talvez, e neste talvez fica registrado a minha dúvida, eu esteja esperando algo além do além... Mas enfim, nos últimos anos ninguém lançou nada que me fez vibrar! Gosto de muita coisa nova! Não sou hipócrita... Afinal, estamos no Brasil! Haja o que houver, eu acredito que o Brasil sempre produzirá coisas boas. Mas talvez, por isso mesmo, eu sinto falta de algo mais febril. Não sei se fomos mal acostumados pela nossa cultura musical, ou mesmo pela nossa história. Mas eu sinto que falta uma simbologia do momento no que diz respeito a música popular brasileira. Falta verdade, falta vísceras, falta algo além do simplesmente ser. E eu digo isso não só como um ouvinte crítico do que acontece hoje, mas também como um compositor em conflito com a sua geração. O jovem está muito hedonista, muito niilista, sem entender os seus próprios conflitos. Não estou pregando aqui a busca pela felicidade! Mas eu acho que estamos sem referencial do que não queremos... Isso é interessante!!! Sinto que algo está para acontecer. São nestas horas de caos, de desapego ao que já aconteceu, de desilusão, que surge o novo. Não digo o novo momentâneo, eu digo um novo sujo, político, quem sabe golpista, carrasco, temporário, ou mesmo eterno! Precisamos fazer algo... Convoco vocês, infelizes ou felizes, poetas ou burocratas, putas ou santas, a cantar um novo coro.

A outra face da vida

Antes que a morte chegue e arranque os brilhos de seus olhos, eu preciso dizer que te amo. Todo o esforço de tentar compreender a vida foi em vão diante da incompreensão que senti no momento em que você partiu. A vida, que outrora parecia ser tão doce, mostrou a sua outra face. A faceta que glorifica e vela qualquer mistério, qualquer sentimento, qualquer desejo. Esta outra face da vida nos coloca novamente numa perspectiva animal e mortal. Diante dela voltamos a ser somente criaturas perdidas, por acaso, num imenso universo sem sentido.Na morte eu pude enxergar a imprecisão de todos os sitemas, a irrelevância de todas as preocupações e a irrealidade da dor e da paixão. Diante desta faceta tão ordinária e singular, tão contrastante e perversa, tão estúpida e real, declaro-me um aprendiz. Um discípulo do saber que nasce da consciência de se saber finito.Não quero mais saber de dias tediosos, dúvidas banais e manuais práticos do dia-a-dia. Quero estar de olhos bem abertos quando o baile acabar e as máscaras caírem. A consciência paira, onipresente e real, sobre este crepúsculo cinza que ronda o fim dos dias, e quando o meu último sopro de vida vier dar o seu último passeio, estarei vivo em todas as coisas que eu contornei com a minha arte.

domingo, 2 de agosto de 2009

Pedido insólito

Faz alguns dias que essa cena aconteceu. Relembrei agora e decidi que TENHO que deixar registrado.

Estava eu em um bar da Augusta, tomando uma cervejinha e comendo qualquer porcaria antes de pegar um cinema - ou esperando alguém? Não lembro! Mas não importa. O fato é que havia um casal no balcão, próximo a mim. Eram dois homens, provavelmente namorados ou ficantes. Falavam muito, engatando uma daquelas conversas que fluem, sabe? Quando eu cheguei no bar eles já estavam alí. Uns 20 minutos depois, quando eu estava acabando a primeira garrafa, um deles pediu a conta para o atendente. Eis que o cara saca a caneta de trás da orelha e fala:

-Então, uma vitamina, um copo de leite e duas vodkas... 23 reais!

Não lembro se o valor era esse. Mas, cara! Fiquei completamente intrigado. COMO duas pessoas em um boteco consomem "um copo de leite, uma vitamina e duas vodkas"??? Não faz sentido! Não dá pra imaginar como esse pedido possa ser distribuído entre os dois. Ok, um deles pode ter tomado as duas vodkas mas... E o outro? Tomou uma vitamina E um copo de leite??? Impossível!

Ah! Eles podem ter pedido a vitamina e o leite primeiro, depois a vodka... NÃO! Meu, quem, em sã consciência, toma uma vitamina, e depois manda uma vodka por cima?! O mesmo vale pro leite!

Enfim... Tudo o que eu queria era ter chegado 1 hora antes naquele bar, pra ver os dois sentarem e fazerem seu pedido, assim eu iria entender COMO aqueles dois conseguiram consumir "uma vitamina, um copo de leite e duas vodkas" ...

domingo, 19 de julho de 2009

O bar...

Afinal, o que representa o bar na nossa existência?! O bar é um templo para aqueles que sabem sentir a vida. É vital, é uma necessidade humana. Pelo menos uma vez por semana você tem que ir até lá fazer a sua oração. Já repararam na magia da relação que temos com o bar?! Faça o teste. Tente sair com mais alguns amigos pra beber na casa de alguém... É mais barato, é mais tranqüilo, mas é uma merda! Falta o ambiente do bar. A fumaça, o clima de boteco. Os bêbados chatos e os bêbados legais. O dono querendo te chutar pra fora às 5h da manhã, conseguindo, e você vagando no deserto e no frio em busca de outra cerveja... Não impora como! Não importa onde!

Ah, o bar! O mar completa nossa vida. O bar dá sentido à nossa semana. Viva o bar!

domingo, 28 de junho de 2009

E a mesa ainda cresce!

Apresento o mais novo sujeito etílico deste blog: Cesar Brasil. Gente boníssima, o rapaz é desses que fazem arte na vida. Às vezes eu ia trabalhar de manhã, meio bêudo ou então de ressaca, e o Cesar tava lá na telinha do metrô fazendo propagandas mudas. Haahaha...

Sem mais milongas, aumentemos o número de bêbados no recinto!

E desce mais uma Serra Malte trincando!

São Paulo, São Paulo!

São Paulo é um tezão de cidade. Pelo menos é um tezão para quem curte diversidade e programas diferentes. Em especial o bom e velho boteco noturno, com comida de primeira e cerveja trincando. Em nenhum outro canto do mundo temos tantas opções e tanta coisa diferente como aqui. Em nenhum outro lugar você pode tomar um caldinho de mocotó ou comer um shizukê de sardinha no mesmo bar.

Eu adoro freqüentar os botecos de verdade. Não esses bares chiques com cara de boteco mas preço de balada vila olímpia. E eu acho um pecado o preconceito que existe em SP. Aliás, eu acho que isso é uma característica mais brasileira do que paulistana. Esse lance de que a fina-flor da classe média não entra em boteco sujo pra comer torresmo. Se levarmos o mais conceituado chef francês num bar da augusta pra mandasr um PF, ele vai ficar maravilhado. Certeza... E a coxa-creme do Estadão então? Se bem que a que fazem numa padaria aqui do meu bairro é ainda mais gostosa. Enfim, post curto e meio sem nada de mais, apenas para frisar, encore une fois, que São Paulo é ducaralho!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Apenas o fim

Noite gelada sempre pede cinema. Fui ver "Apenas o Fim". Pelo trailler que eu já tinha visto e pela entrevista que li com o diretor, já esperava algo interessante. Mas minhas expectativas foram superadas. O filme é genial! Sobretudo quando lembro que foi feito com o pífio orçamento de oito mil reais, utilizando equipamentos da PUC-RIO, e filmado todo dentro do campus da universidade.

Power Rangers, Cavaleiros do Zodíaco, e fanta uva - produtos da cultura pop que certamente marcaram presença em algum cantinho da existência daqueles que nasceram ainda com o pé nos anos oitenta - eram objeto constante das conversas e discussões de dois jovens universitários. Um relacionamento aparentemente saudável.

Mas nem é muito aí que mora a poesia da obra. Ok, vou evitar falar com muitos detalhes, já que deve ter gente lendo isso que pretende ir ao cinema ainda. Mas, basicamente, eu gostei da forma poética como foi tratava a vida, os relacionamentos e sobretudo o fato de coisas terem fim, de fases serem superadas, de páginas serem viradas, e a vida continua. A vida sempre continua, a cada dia que passa milhares de coisas acontececem, existem milhares de começos na nossa vida, e existem também milhares de "finais". É a dinâmica da vida, do tempo.

Bah, queria poder falar mais, mas vou esperar o povo assistir ao filme primeiro!

domingo, 21 de junho de 2009

É quase uma vergonha ficarmos assim tanto tempo sem postar. Tantos bêbados juntos, e nada de produtividade "intelectual", né?

Eu tô preparando um post. Mas ando meio sem saco pra concluí-lo.

Viva a serramalte, e saibam que o blog não morreu! Está apenas em período de auto-conhecimento... hahahahahah

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Link interessante

Muitas histórias de buteco são sobre viagens... E não nego que gosto de viajar, portanto, aos que pretendem/gostam de viajar: http://www.revistaup.com/blogdobeline/?p=633


Fica aí a dica... desculpem-me pelo curto post!

Até mais!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Andando na corda bamba

Caio na noite sem pudor e sem temor. A escuridão é breve e a busca é constante. Preciso saciar esta sede que atormenta minha alma. Covardia, sonho ou ideologia. Fraqueza ou franqueza. Já não sei dizer o que se passa comigo nestas noites de delírio na maior cidade da América Latina. A santidade de São Paulo é cruel e implacável. Entre uma bebida e outra realizo o sonho dos hipócritas e das putas. Pernas, rabos e néon. Sou isca fácil neste joguete de sedução. Rendo-me a ferocidade das minhas entranhas. Bebo mais uma dose. Wiskey. Conhaque. Maria-mole. Cachaça. Ah, a velha e boa cachaça! Cerveja não desce mais. Os meus olhos estão vidrados. Vejo velhos sujos e bêbados. Sem família e sem amor. Perdidos na solidão do desejo que já se esvaiu. Já não sei mais se é um sonho. Durmo e acordo no mesmo dia todos os dias. Penso na minha carreira. Quantas carreiras em vão. Apaixono-me por algumas horas e me escondo novamente em posição fetal debaixo de algum cobertor. Tudo isso aconteceu realmente? Parece um filme... Déjà vu. É isso. Déjà vu. Eu sou o caos. Já não tenho medo. Já não sinto culpa. O personagem se virou contra o criador. Sinto prazer em não sentir nada. Corro pelado no meio da rua. O vento corta a minha pele e faz com que eu me sinta vivo novamente. Mais um hotel barato, mais um bordel, mais um papel. Andando na corda bamba com os olhos escondidos atrás de dois olhos negros de um menino.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Salve Mestre!

Salve Mestre!!! Demorou, mas eu apareci aqui no balcão pra despejar um pouco de filosofia etílica no caneco. Nada melhor do que falar um pouco do nosso primeiro encontro "oficial".

Sábado de frio, convidei o Moura pra gente tomar um wiskim lá em casa. Queria mostrar a música que eu tinha feito com uma de suas poesias. Ele apareceu meio tímido com uma garrafa de Red Label e um pote de castanhas de cajú nas mãos. Começamos a beber e conversar tímidamente, falando de trabalho e tal, na época trabalhávamos no mesmo escritório.

Papo vai, papo vêm, as castanhas estavam quase que intactas - nada contra as castanhas Mestre! Elas estavam uma delícia, mas você sabe que formiga gosta mesmo é de açúcar! - enquanto que o Johnny estava nas últimas... A sorte é que eu tinha um Cavalinho Branco que nos ajudou a cavalgar adiante. Nesta altura do campeonato minha mulher, quer dizer, ex-mulher, já havia ido se deitar alegando que não estava nos entendendo mais. Isso é algo muito curioso!

Por mais bêbado que possamos estar, sempre somos compreendidos por outra pessoa que esteja no mesmo "nível intelectual" que o nosso! Quando o sol raiou, estávamos, literalmente, pendurados na pia da cozinha filosofando. Mas a ex-patroa jogou o balde com água no chão e tivemos que ir nanar... Tem pessoas que você sabe que vai ter uma relação intensa só de trocar algumas palavras. Com o Gabriel foi assim. Este foi o primeiro encontro de muitos outros. As primeiras garrafas de muitas... Muita história boa pra contar... Mestre, bota a cerveja no freezer, prepara aquela mineirinha amarela e frita uma calabresa com bastante cebola que eu cheguei no balcão! Saravá meu parceirinho poeta! Amante das palavras e da cachaça!

domingo, 10 de maio de 2009

"Areluia groria a deusssss"

O centro de São Paulo é praticamente um circo a céu aberto. Tem de tudo, ouve-se de tudo, acontece de tudo. Mas não foi a primeira vez que eu reparei em uma cena meio bizarra, muito embora bastante comum. Voltando da faculdade, já tarde da noite, notei aquela roda de pessoas na Praça da Sé, ouvindo um ser vestido com uma roupa social bizarra, uma bíblia na mão e vociferando mil e uma groselhas.

Era mais um crente calejando as cordas vocais para salvar a humanidade. Mas o que mais me choca não é um desocupado ficar gritando asneiras a plenos pulmões numa praça, mas o fato de haver mais uns vinte ou trinta desocupados dispostos a prestar atenção no tal do crente. Ah! Pelamor, meu amigo! Vai trabalhar, vai jogar dominó, vai beber pinga, vá fazer alguma coisa da vida! Mas escolher ficar ouvindo maluco falar groselha na Praça da Sé é algo que realmente não consigo entender...

Aliás, não consigo entender o fenômeno "crente" no Brasil. Morei um ano na Fraça, e na Europa tem bastante gente protestante, mas nesse um ano lá eu reparei que os caras freqüentam a igreja deles, têm lá as crendices meio bizarras - para mim - deles, não bebem, não metem, não cheiram, mas não enchem o saco de ninguém! Nem ficam pregando em praça pública.

Pra mim, esse lance de pastor pregando na praça é algo muito terceiro-mundista. Obviamente que é reflexo da pouca - ou inexistente - educação do nosso povo. Pode parcer preconceito meu, e até acho que é. Mas, sinceramente, não dá pra levar a sério pessoas que acreditam na teoria da criação. Tipo, Darwing de cu é rola, e nós viemos todos de Adão e Eva. A teoria da evolução se aplica a todos os animais, exceto os ser humano. A mulher? Ora, a mulher veio da costela do homem! Ah! Não tem como aceitar isso, na boa!

Pior é que aqui no Brasil estabeleceu-se a "indústria da fé", com igrejas riquíssimas e poderosíssimas. Os caras têm rede de televisão! Têm até bancada no congresso! Quem perde com isso é a população, claro. Já que projetos de lei importantes - como o do uso de células tronco ou legalização do aborto - são barrados por esse povo super "pra frentex", que orienta sua vida com base num livro escrito há mais de doi mil anos, sabe-se lá por quem, cheio de metáforas e coisas desconexas.

Os "pra frentex" também acham que o sexo tem que se restringir ao casamento, quando não são mais radicais, e proclamam: sexo é só pra reprodução! Hahahahaha... Haja paciência! Já ouvi de uma crente a seguinte frase "hoje em dia, os homens não dão valor nenhum pra virgindade de uma mulher!" que valor, minha filha? Pelamor! Que porra de valor?! Quer que a galera faça festinha e bata palma quando alguém perde a virgindade?! Ou, melhor, quer que se pague dote pelos cabacinhos rompidos? Acho que deve ser isso. Dar valor à virgindade deve ser pagar o dízimo pra menina deflorada. É mais coerente com a filosofia do "dizimo salvador".

Alias, o dízimo, minha gente, serve apenas para manter as instalações da igreja, viu? Pastor andando de carro blindado e ganhando R$ 10.000,oo por mês num país onde o salário mínimo não chega a R$ 500,00 é algo extremamente necessário para o bom funcionamento da casa de deus (com letra miníscula, DE PROPÓSITO!).

Agora, a cerejinha do bolo, pra aumentar a raiva dominical: igreja no Brasil não paga imposto. É, os caras têm um patrimônio absurdo, e não pagam porra nenhuma de imposto! Eu acho isso inaceitável. Mesmo! Precisamos de uma revolução francesa no Brasil... Já pensou que lindo confiscar o patrimônio da Igreja? E botar essa galera da vida fácil toda pra trabalhar? Ia ser sensacional...

P'ra finalizar, posto o link para um video que inspirou o título desse post: http://www.youtube.com/watch?v=KC0on_LpoMM.

É um vídeo pra lá de engraçado, mas ao mesmo tempo extremamente triste. Por que triste? Basta uma leve sapeada nos comentários pra ver que tem gente que REALMENTE acredita nisso, leva a sério e ainda incentiva essa lavagem cerebral estúpida. Pobre criança! Cadê o Juizado da Infância e Juventude numa hora dessas? Os pais dessa menina tinham que ser interditados...

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Fumaça

“Aí, André! Posso pegar uma cadeira vazia e juntar nessa mesa aqui do canto? Valeu!” Depois de aceitar o convite pro bar, é bom aparecer, não é? E achei que seria justo uma homenagem ao André, garçom que, por anos, aturou 2 dos 3 que aqui escrevem até agora. Será um prazer beber, digo, escrever com vocês, Carol e Gabriel!

Peço perdão pela possível falta de acentos (ou excesso deles): malditos teclado norte-americano e reforma ortográfica! Sinto-me um analfabeto! Também peço desculpas por escrever um post sobre um assunto que não entendi direito... Talvez o Gabriel seja o mais indicado! Ou não... Hehehe.

Não sou fumante. Ao contrario, costumo dizer que odeio o cigarro e, obviamente, sua fumaça. Lembro-me de concordar com a lei que proibiu fumo em locais fechados na Alemanha (eu estava por aquelas bandas quando a lei entrou em vigor)... me lembro, também, de pensar “poxa, em São Paulo já é assim há um tempo...” Algumas pessoas podem alegar que já me viram com um cigarro na boca. Fato! Isso já aconteceu algumas (poucas) vezes... e eu estava extremamente bêbado/com frio. Portanto, se um dia você me vir com um cigarro, tenha certeza de que estou a caminho de uma hipotermia e/ou uma cirrose! Hahahaha (e, pra piorar, talvez um câncer de pulmão).

Toda esta lenga-lenga é pra falar sobre a proibição de fumo em estabelicimentos comerciais de São Paulo. Gabriel e eu costumávamos, entre uma cerveja e outra, fumar cachimbo no bar onde o André trabalhava... Mas ficávamos nas mesas da calçada, do lado de fora... concordo que a fumaça incomoda quem está ao lado, tanto quanto a do cigarro. Aliás, não! Um fumo de cachimbo bem escolhido não fede, ao contrario, tem um odor até que agradável. Sou totalmente a favor da proibição do fumo em lugares fechados, mas, áreas abertas, não sei não... E vocês, o que acham???

"Ei, André! Mais 2 garrafas bem geladas aqui, faz favor?"

E assim a mesa cresce.

Como havia dito antes, esse bar, digo, blog, precisa de mais bêbados... Er... Digo... Ah, sem hipocrisia por aqui! Precisamos de mais bêbados com idéias ébrias pra ilustrar e animar o ambiente. Bom, dessa vez não vou apresentar alguém que conheci num samba, numa balada, ou numa pegação qualquer... Vou apresentar alguém que conheci muito antes de saber o que era um samba, pra que servia uma balada, ou como se comportar em uma "pegação". Introduzo nesse blog (ui!) meu ilustre camarada Rafael Videira, músico talentoso, estudante brilhante, e amigo que me deve algumas cervejas.

Direto dos USA, esse mestrando - ou melhor, doutorando - tupiniquim vai nos escrever um pouco de suas impressões filosofais da vida

Sem mais milongas, senta a vara, Rafinha! (ui!)

domingo, 26 de abril de 2009

Mais uma rodada, por favor!

Convite aceito, cá estou eu! Talvez primeiro post da minha vida (chama-se post, não?)

Espero manter o altíssimo nível das diversas conversas de bar que já participei, inclusive da citada abaixo (modéstia à parte uma verdadeira filosofia de buteco feita a dois!).

Conversa de bar que é conversa de bar não tem dia, não tem hora e não tem compromissos que atrapalhem, é aquela coisa que você vai, jurando que ficará só um pouquinho, e quando vê, já não lembra onde é a sua casa, quem ficou com o seu dinheiro ou que dia da semana é.

Mas algo você nunca esquece, o nome do garçom, que gentilmente sempre atende ao pedido de mais uma rodada.

Pela rodada a mais de cada dia, cá estou.

Samba, cachaça e Carol...

Um blog que se propõe a ser um canto de "divagações baratas e filosofias de boteco" regado a petiscos gordurosos e cachaça amarelinha teria, por uma questão de lógica, que ter mais pessoas escrevendo. Afinal, comer torresmo e tomar uma dose de "Claudionor" sozinho, de pé, encostado no balcão, é muito degradante.

Sempre soube disso, mas não sabia exatamente quem convidar. Precisava de pessoas com o espírito "papo de boteco", senão o blog poderia virar meio que um saladão de coisas nada a ver. Pois bem, encontrei mais um membro para a equipe!

Tudo começou num samba, desses sambas dos bons. Cachaça vai, cachaça vem, eis que me deparo com uma moça alta, meio sem jeito, que me ofereçe um trago, um traguinho do seu mé. Seus olhos grandes e claros me chamaram a atenção, mas naquela altura eu fui mais pela cachaça mesmo. Estávamos mortos de cansaço, porque o samba estava pefeitamente bom. Sentamos, e começamos a conversar. "Carolina de L'aquila, mas pode me chamar de Carol". Carol é uma pessoa especial, e fez do samba mais que samba, despretenciosamente.

Foram horas a fio de um papo que fluia de vento em popa, o melhor e mais refinado papo de boteco! Falamos sobre psicologia, morfologia, lingüística, chaves de fenda, pneus de bicileta, alcachofras, vinhos e física nuclear... Perfeito! Então eu disse "olha, Carol. Acho que temos muita coisa em comum, e eu adorei esse papo... O que acha de irmos assim, prum lugar mais reservado, mais calmo, onde possamos expor nossas turbulentas idéias de maneira mais confortável e aprazível!?"

"Mas é claro que eu quero ir, disse ela pegando em minha mão e olhando fixamente com aqueles olhos de comer fotografia... Agora!"
Então eu a trouxe para o "De pé no Balcão", e agora temos um novo bêbado... digo... Membro na equipe!

terça-feira, 21 de abril de 2009

SP, Brasil, Vida...

Trabalho em uma região dita nobre aqui de São Paulo. Metro quadrado caro, trânsito, carência de transporte público e abundância de estacionamentos. O Brasil é uma beleza! Levo exatos 22 minutos para ir até o meu trabalho de carro, mas suadas 1h15min quando vou de metrô+ônibus. E o que leio nos jornais nos últimos dias? O Governo reduziu o IPI sobre automóveis! Maravilha minha gente, vamos lá! Rumo à cifra de um carro por habitante. E depois, enfiem no cu seus carros, porque não haverá nem lugar pra eles no trânsito nem vagas em garagens...

Não tenho carro. Uso, quando preciso, o carro da família, que serve todo mundo da casa. Sou dia após dia forçado pelas circunstâncias a comprar um carro. Tenho um trabalho bacana, relativamente bem remunerado, e simplesmente não há transporte público eficiente para me fazer superar todos os dias os 8,6km que separam minha casa do escritório. Mas eu me recuso. Não vou ser mais um casulo de lata ambulante com uma única pessoa dentro, disputando cada palmo do já inexistente espaço das ruas paulistanas. Me recuso a lançar toneladas de CO2 a mais na atmosfera pra ir sozinho ao trabalho dentro de um carro onde caberiam 5 pessoas. Sem chance, no way, aucune possibilité. Pensei em comprar uma moto, mas de pronto minha família se opôs com veemência. Tá certo, não tiro a razão deles. Andar de moto nessa loucura que é o trânsito paulistano é insentatez descabida.

Resumo da ópera, a cada dia que passa, centenas de carros são incorporados à frota paulistana. Não acredito que demore muito para que a situação torne-se insuportável. É uma questão de física, não há espaço físico para todo mundo! A solução é simples e óbvia: transporte público. Mas o transporte público em São Paulo é sofrível, ridículo. Poucos são os corredores exclusivos de ônibus e fica evidente que o carro ainda é prioridade no trânsito. Soma-se a isso a cultura cabocla-classe-média-obtusa brasileira, em que andar de ônibus é coisa de pobre. "EU? Fulano de tal tal e tal, dentro de um... ônibus!? Nem morto! Credo!". A gente vai levando, um dia eu surto e me mudo pra bem longe da civilização...

sábado, 11 de abril de 2009

Ela tinha um jeito meio seu de assinar cada mensagem que lhe enviava: T. Só isso, tê e ponto. Ele também tinha lá seus cacoetes, chamava a moça de "Moça". O mais engraçado, tanto para um como para outro, era ver seu vício estilístico sendo copiado pelo outro. "Oi, moço..." era motivo de sorriso bobo na cara. Tanto quanto um "com carinho, G." no final de uma mensagem dele pra ela.

Cismaram de fazer alguma coisa, porque o moço tinha uma semana sem aulas, e a moça uma semana de férias pra vencer. Uniram o útil ao agradável, embolaram os trapinhos e caíram no mundo, meio sem destino. Era gostoso viajar sem destino. Ela tinha lá alguns parentes pelo interior. Decidiram que fariam um roteiro improvisado, de forma que passassem pela parentada, visitando alguns primos e tios distantes, mais pela farra do inesperado do que por saudade propriamente dita. Ela gostava de desfilar por aí ao lado dele, como se fossem amantes de longa data. Ele gostava de se sentir gostado, e era tudo. Já lhe bastava.

Parentes contando histórias da infância. Saudade meio gostosinha, nostalgia. Copos de cerveja sempre fartos, aquela comida tão simples e tão deliciosa, talvez pela simplicidade mesmo fosse assim gostosa. Risadas altas, ela contava porque estava alí, e quem era o "moço" tímido que a acompanhava. A mais idosa das tias não pode se conter, e acabo soltando a caricata frase "ah, mas então estão viajando só os dois sozinhos? Que perigo do moço fazer mal pra menina!" Eis que a moça retruca "Mal? Faz é bem, minha tia! Muito bem".

O moço não sabia onde enfiar a cara de vergonha, mas no fundo percebeu que a simplicidade tem sim a sua pitada de poesia, e acabou por gostar da desbocagem da menina.

domingo, 1 de março de 2009

O tédio do domingo

Não sei exatamente por que diabos domingo é sempre domingo, e é sempre entediante.

Hoje amanheceu um dia pra lá de bonito, ensolarado. A vista da janela do meu quarto fica melancolicamente linda em dias de domingo ensolarado. Silêncio, portas fechadas, rua tranqüila... Parece aquelas cidades do interior. Isso me remete a um tempo remoto, que não vivi. É que na minha cabeça, devia ser assim viver no meu bairro há uns 30 ou 40 anos. Será? Prefiro acreditar que sim.
Acordei mais tarde do que o habitual e mais cedo do que gostaria. Depois do café da manhã, fumei um cigarro de palha bebericando um cafezinho expresso enquanto olhava pela janela, sentindo-me algumas décadas atrás no calendário. Estou ainda em fase de matança da minha saudade do Brasil. Ontem fui ao Roda Viva pela primeira vez desde que voltei - estava especialmente fantástico! E hoje fumei o palheirinho, como costumava fazer no meu primeiro ano de faculdade.

Tudo muito bem, tudo muito bom. Mas o tópico fala de tédio dominical. Pois é, eu não consigo entender por que sempre o domingo é um tédio mortal, mesmo que o dia comece bem como começou hoje. Sei lá, eu tento fazer aqueles programas de domingo - hoje fui andar de bicicleta no parque - mas parece que isso só me aumenta o tédio! Sem contar que o parque hoje tava um absurdo de lotado, e eu acabei desistindo de andar com minha bicicleta sem freios por lá, com medo de matar alguma criancinha desprevenida. E agora estou aqui, morrendo de tédio e preguiça. Queria fazer milhares de coisas, mas parece que o domingo embota o cérebro da gente.

Tá doido!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Torresmo de soja? NÃO!

"- Ô, Seu Manoel! Manda mais um torresminho aqui pra mim, faz favor...
- Torresmo agora só de soja!
- Hein??
- É isso mesmo! A partir de agora este boteco é um estabelecimento consciente, que milita pelo direito à vida de todos os animaizinhos do planeta. Aqui não se serve nada que venha da morte! E além do mais, as florestas da Amazônia...
- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!"

Ok, ok. Meio surreal o dialogo acima. Não se preocupem, aqui Em pé no Balcão sempre haverá um bom torresminho, crocante, peludo e gordurento, pra acompanahar aquela cerveja trincando de gelada.

Na verdade, o que mais me assusta na bizarrice deste diálogo é que cada vez mais ele vem se tornando menos impossível de acontecer. É que nos últimos anos vem ganhando força uma nova moda, o veganismo/vegetarianismo. Bom, existem termos diferentes com significados bem distintos também. O Vegerariano pode ser Ovo-Lacto, ou seja, o cara que não come carne mas come ovos e derivados do leite numa boa. Esse cara em geral é um cara normal, que não tem nenhum problema. Apenas não come carne, seja porque não gosta, seja porque crê que não comer é mais saudável (o que eu, e muitos nutricionistas discordamos). Mas o ponto principal é que o Ovo-Lacto é um cara que come o que quer e ponto final, não um militante da fé vegana, que tenta a todo custo converter os "pecadores comedores de carniça" em vegetarianos. Cada um na sua, e o cara tem todo o direito em recusar o torresminho e descer um ovo colorido pra acompanhar aquela Brahma.

Agora existe uma outra "facção" de vegetarianos que é perigosa e problemática. São os "Veganos". Esses caras não comem nada, absolutamente nada que contenha qualquer ínfimo traço de POA - Produtos de Origem Animal. Os caras chegam ao absurdo de não comer Dadinho (não o do filme, porra! A balinha quadradinha que é uma delicia e lembra a nossa infância...) porque as formas onde os dadinhos são cozidos é untada com farinha de trigo e... MANTEIGA! E a manteiga vem do leite, que por sua vez vem da vaca, que é um animal. Além de não comer nada que tenha POA, os veganos também fazem de sua vida uma cruzada pela ética e salvação dos animaizinhos. Chamam qualquer onívoro de "carniceiro" e buscam a qualquer custo converter as pessoas ao veganismo. Alguns grupos radicais chegam mesmo a praticar atos terroristas, com direito a bombas e tudo mais...

O discurso dos caras é sustentado, basicamente, por dois grandes pilares, ambos mais do que questionáveis. O primeiro deles é um princípio segundo o qual o animal é um ser vivente (ok, concordo) e nós não temos o direito de tirar a sua vida tão-somente para satisfazermos a crueldade sangüinária do nosso paladar. E é aí que começo a discordar e questionar com veemência essa argumentação. Primeiro de tudo, existe uma coisa chamada Natureza. Eu, você, o seu gatinho, os ratos do porão (não a banda, imbecil! Ah, mas eles também, então esquece...), todos fazemos parte da Natureza. Na natureza existe algo chamado "Cadeia Alimentar".

Existem animais carnívoros, herbívoros e onívoros. Os dois primeiros eu dispenso a explicação, os últimos, pra quem não lembra das aulas da tia Maricota, são aqueles que comem tanto vegetais como carne. O ser humano é um onívoro. Voltando à cadeia alimentar, os herbívoros comem plantinhas fofas, os carnívoros comem os herbívoros fofos e os onívoros comem o que der sopa pela frente. A cadeia alimentar é feita da caça, da morte e de sangue (ui, que cruel!). Então, o que há de imoral em matar um animal pra comer? Nada. Absolutamente nada. A racionalidade do homem e sua inteligência avançada em relação aos outros animais permitiu que ele desenvolvesse feramentas para a caça e a defesa pessoal, passando assim a ocupar o topo da cadeia alimentar. O Homem mata qualquer bichino que ele quiser, e nenhum bichinho mata o homem. Er... Depende. Deixe um vegetariano desarmado numa savana Africana e manda ele trocar uma idéia com o Leão, dizendo que todos os animais têm direito à vida...

Além disso, o que é mais furado nesse argumento à vida é o seguinte: todo animal, quando solto na natureza, esta vulnerável não só aos seus predadores, mas também à escassez de alimentos, a um número infinito de doenças e parasitas, além da falta de abrigo. Trocando em miúdos, um bichinho fofinho e livre na natureza tem uma vida dos diabos, e ainda morre destroçado vivo na boca de um predador.

E o boi, como é a vida do boi? Ele tem abrigo, comida e vacinas durante toda a sua vida, e depois ainda morre com um tiro de pistola pneumática na testa, de forma completamente indolor. Na boa, quem será que sofre mais? Tudo bem, alguns determinados alimentos de origem animal utilizam-se de métodos cruéis. É o caso do "foi gras" que os franceses tanto gostam. É fígado de ganso, mas pra ficar cremosinho e saboroso, os caras entubam o pobre do ganso e enfiam tanta comida nele que o seu fígado inflama e triplica de tamanho. Isso é cruel, isso eu não aprovo. Morei um ano na França e nunca comi "foi gras". Tá certo que além de cruel, é caro pra burro, o que ajuda a ser "politicamente correto" ;-)

O segundo grande pilar que sustenta o discurso dos veganos é o de que POA são nocivos à saúde. Há-há-há! Conta outra, mané. Vários estudiosos da evolução afirmam categoricamente que foi o aumento do consumo de carne que permitiu ao homem desenvovler seu cérebro nas proporções atuais. E mais! Veganos têm que suplementar artificialmente vitamina B12. Que porra de dieta ultra saudável é essa, que te obriga a tomar injeção de algo sintético? Já cansei de ler/ouvir veganos afirmando que a carne causa câncer. Dá um tempo! Até hoje não houve estudos comprovando 100% a origem do câncer, mas ainda assim, sabe-se que há forte influência genética... E os veganos me vêm falar de carne?! O que pega é que qualquer coisa, QUALQUER COISA exagerada pode ser nociva à saúde. Seja picanha ou proteína de soja, se você não tiver uma dieta balanceada, terá problemas no futuro com toda a certeza. Um bifão de picanha, uma porçãozinha de arroz, um feijaozinho preto com farofa e uma saladinha... Hmmm! Delicia, saudável, onívoro, e natural...

É isso, basicamente. Esse post pode dar pano pra manga, se alguém quiser discutir mais a fundo o tema, estamos aí! Podem passar também pela comunidade do orkut "Alfaces são amigas, não comida", onde sempre rolam discussões de alto nível. Tem muito veterinário e biólogo por lá, então não é na base do "achismo" que o povo argumenta.

"- Ô Seu Manuel! Seu Manuel! Vê aí pra mim um PF com picanha, faz favor
- Qual o ponto da picanha, Moura
- Mal passada! E desce mais uma Brahma também..."

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Culturette

Hoje em dia existe uma determinada tribo que vem se destacando nos grandes centros urbanos, sobretdo na cidade de São Paulo. São os chamados "Culturettes", nome e grafia especialmente criados por mim para definir este tão seleto grupo. Um Culturette é um cara descolado, que facilmente pode estar misturado entre pessoas normais e interessantes. Em geral, pode demorar um pouco até percebermos e identificarmos um Culturette.

São seres cabeça, que usam óculos de armação estilosa, roupas com cara de velha - mas que são novas, de grife e bem passadinhas pela empregada - e freqüentam lugares ditos alternativos.

Você provavelmente não verá um Culturette tomando um pingado e comendo um salgado qualquer naquele boteco meio sujo que tem em frente ao ponto de ônibus. O Culturette freqüenta bares que são sujos como o boteco do ponto de ônibus, mas que se dizem- "estilizados" , têm serviço de manobrista e vendem cerveja pelo triplo do preço.

O Culturette não é um gênio, o máximo que conseguimos encontrar são exemplares com uma inteligência medianamente razoável. No entanto, ele tem plena convicção de sua genialidade absoluta (mesmo que ela não exista), e não estuda nada tão-somente para si. Ele é praticamente um garoto propaganda dos cursos/matérias cabeça que ele faz, como Filosofia do sei-lá-eu-o-quê, história da arte, sociologia experimental III a missão, a dialética da poesia húngara no séc XVIII, etc. O Culturette também estuda três, até quatro idiomas. Não fala nenhum deles, não lê nada em nenhum deles, mas tem um vocabulário básico de cem ou duzentas palavras que serve pra impressionar, e botar banca de... Culturette!

Além disso, um Culturette, mesmo que goste de história da arte, por exemplo, não estuda o assunto para depois discutir ou debater com quem também estuda e gosta, até porque provavelmente ele não conseguiria fazer isso. O Culturette estuda essas coisas cabeça justamente pra conversar com quem não estuda e não gosta disso tudo! Assim o Culturette pode se sentir superior e também pagar de... Culturette!

O Culturette morre de medo de ser confundido com uma pessoa normal. Por isso, ele tende a negar toda e qualquer diversão ou assunto que pareça mundano demais, que não seja seleto e intelectualizado o suficiente. Ele curte MPB, gosta de uma cervejinha, até de uma cachaça. Mas nega-se a falar merda em uma mesa de bar. Para um Culturette, tudo tem sempre que estar "acrescentando algo" ao seu intelecto, inclusive uma conversa de bêbados na mesa de um boteco-chique-sujo. Portanto, ele vai ficar bêbado e discutir o sexo dos anjos, e não coisas mais interessantes e engraçadas como "casos de pessoas que dão entrada em PS de hospitais com objetos estranhíssimos introduzidos no ânus" (leia mais aqui).

Por isso é bem difícil identificar um Culturette logo de cara. Num primeiro momento, você pode pensar que se trata de mais um cara gente boa, que curte uma boa música, toma uma cachacinha... Há casos na literatura de pessoas que chegaram a namorar seres Culturette sem perceberem! Quando identificaram o perfil do indivíduo, já estavam com alguns meses de namoro... Já pensou?

Mas eu acredito que o lance principal do Culturette é essa preocupação com a imagem. Ele quer ser um cara descolado, alternativo e intelectual. Ele QUER SER, mesmo que não seja. Não é um cara que curte uma boa MPB, ouve um Chico Buarque no rádio do carro indo pra balada, mas senta numa mesa de boteco sujo e fala merda com os amigos.

É uma pena! Até porque, o cérebro precisa de momentos de "massagem cerebral". É importante falar asneira, e dar um tempo pra cabeça, já que vivemos num mundo em que tudo é informação de tudo que é lado.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

As mulheres que não tiram o caralho da boca

Calma, calma! Não se trata de um post machista, nem tampouco vulgar. É apenas uma divagação sobre um recurso de linguagem que muito me atrai: o palavrão. Primeiro, eu acho super engraçado essa coisa de que palavras diferentes que significam exatamente a mesma coisa tenham valores sociais completamente distintos. Ninguém vai ao médico e queixa-se de algum problema na buceta, ou ainda uma coceira no caralho. Nessa situação utilizamos a forma polida dos respectivos órgãos, ou seja, vagina e pênis.

Mas o ponto nem é esse. O que quero colocar é a importância que palavrões e expressões ditas "chulas" têm no nosso cotidiano. Tem algo mais preciso e avassalador que um "pra caralho"? Não há equivalente pra essa expressão. "Você bebeu ontem?" "Porra! Bebi pra caralho!" isso não se iguala a um "bebi horrores" ou então "bebi até cair". Nada tem o peso, a simplicidade, a força e a sonoridade de um "pra caralho".

Aliás, ainda falando em caralho, esse é um coringa muito útil da fala informal. Pode ser utilizado para dar ênfase a alguma ação, como disse no parágrafo anterior, pode expressar uma quantidade desconhecida mas que tende ao infinito: "o céu tem estrelas pra caralho!" e pode também significar supresa/indignação. "Cara, sabe o Bosco? Então, ele mudou de sexo!" "O Bosco? Mudou de sexo? Caralho!!"

Pois é, acho que é evidente que os palavrões são uma ferramenta indispensável para a boa comunicação humana. No entanto, ainda existem pessoas na nossa sociedade que defendem uma idéia completamente absurda e machista de que mulheres não podem falar palavrão! E há ainda quem defenda que os palavrões devem ser abolidos também do vocabulário masculino quando há algum ouvido feminino por perto... Caralho! Como assim? Isso é de uma estupidez sem limites! Querem privar a mulher de soltar o seu "Puta que o pariu!" a plenos pulmões quando quebra uma unha, ou mesmo lançar um chocho "Caralho..." de canto de boca quando vê a amiga baranga se atracando com o ex-namorado. Isso é inaceitável! É muita crueldade!

Tão inaceitável é para mim, que além de eu nunca conseguir assimilar a idéia de que é feio mulher que fala palavrão, eu ainda acabo tendo uma certa queda por mulheres que rompem amarras, quebram paradigmas, e não perdem a oportunidade de colocar um "Caralho!" bem colocado num diálogo de bar. Pra mim, a mulher com o caralho na boca é um charme todo especial.

Isso me lembrou de um "causo" antigo. Há alguns anos eu conheci uma menina com quem saí algumas vezes. Lembro nitidamente quando descobri que estava bem interessado (ou melhor, interessado pra caralho!) nela. Tínhamos marcado de sair, rolou um certo desencontro, eu demorei um pouco pra chegar. Quando apareci no lugar combinado, vi ela falando em um telefône público. Quando me viu, ela desligou rapidamente e abriu um belo sorriso (um sorriso bonito pra caralho!). Nos cumprimentamos, e ela explicou que estava tentando me ligar e caiu na caixa postal. Ela não tinha créditos no celular, e o seu cartão telefônico estava bem no fim. Passado esse breve contratempo, tudo rolou muito bem, e nosso passeio foi bem ducaralho.

No dia seguinte veio a surpresa avassaladora de corações bêbados e ressaqueados. Vi que tinha uma mensagem de voz no meu celular. Acessei a caixa postal e ouvi "Oi, Gabriel! Sou eu, é... Eu tô sem crédito e só tenho um cartão... Ai CARALHO!" Tchubluft. Caiu a ligação. Quando ela percebeu que seus créditos estavam sendo impiedosamente comidos pelo orelhão, soltou um mais do que bem posicionado e sonoro "Ai, CARALHO!" que pode ser perfeitamente registrado em minha caixa de mensagens, antes que o cartão dela zerasse e a linha fosse cortada.

Passei uns 4 meses sem deletar esse recado do meu celular, e o ouvia quase que semanalmente...

Começando

Esse lance de blog é meio complicado. Eu já tive alguns por algum tempo, mas no final acabo me enchendo dele e largando às moscas ou simplesmente deletando. Bom, não serei pessimista a ponto de dizer logo no post inicial que este aqui terá o mesmo fim dos outros. Acho que não. A idéia é ter um espaço pra poder escrever minhas asneiras e minhas pseudo-filosofias pessoais. Não sei qual será a freqüência e atualização disso aqui. Até porque, penso que escrever deva ser uma coisa espontânea...

É isso!